segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Salvador (BA) • Criança morre vítima de bala perdida dentro de casa.

Um dos crimes no fim de semana foi resultado de uma ação policial desastrosa no bairro de Nordeste de Amaralina, em Salvador. Joel da Conceição Castro foi morto por uma bala perdida, aos dez anos de idade. Todos os nove policiais que participaram da ação foram afastados do serviço nas ruas e tiveram as armas recolhidas para serem periciadas.

O menino, que sonhava ser um mestre de capoeira, estava dentro de casa se preparando pra dormir. Entre parentes e amigos, revolta e dor.

“Ele era muito brincalhão. Não dá para esquecer isso. Ele discutia com a gente quando acontecia morte aqui, a gente falava como o mundo está de violência”, conta o amigo Vanderson Silva, 12 anos.

Foi a violência que acabou com a vida do melhor amigo de Vanderson. Joel morreu domingo, por volta das 23h durante uma ação de policiais militares.

“Não teve troca de tiros aqui na comunidade. Já chegaram atirando. Um aluno que a gente estava preparando para ir para à Europa. Os policiais interromperam essa viagem dele”, lamenta o mestre de capoeira Silvio Falcão.

As marcas de tiro estão em pelo menos cinco casas das duas ruas do Nordeste de Amaralina. Dois desses tiros atravessaram a janela no segundo andar da casa e atingiram Joel, que estava se preparando para dormir com o pai.

Ele estava preocupado comigo, com a irmã dele e acabou atingido. Eu fico mais revoltado porque eu pedi socorro a ele e eu acredito que eles são pais de família. Ele não deu socorro e eu perdi meu filho’, desabafa o pai Joel Castro.

Joel dividia o quarto com o pai. Ele estava perto da janela arrumando o colchão pra dormir quando os tiros assustaram pai e filho. Joel foi levado para o Hospital Geral do Estado, mas o garoto morreu no caminho. Joel chegou a gravar um vídeo institucional em que fala do sonho que nunca vai se realizar.

“Quando eu crescer, quero ser mestre de capoeira”, dizia o garoto na gravação.

Em protesto, a comunidade chegou a interditar as Avenidas Visconde de Itaboray e Manoel Dias da Silva por duas horas. Peritos estiveram na casa do garoto onde amigos não conseguem entender a violência.

“Eu não quero julgar, mas dá para provar que é uma polícia despreparada, que já chegou aqui brigando, gritando, desrespeitando os moradores. Eu clamo por justiça e eles vão pagar”, diz Mirian da Conceição, mãe de Joel.

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