A candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, defendeu nesta segunda-feira (26) a atuação da ex-ministra Dilma Rousseff (PT) na luta armada durante o regime militar (1964-1985).
Em sabatina promovida pelo portal Terra, Marina afirmou discordar de avaliações que classificam a adversária na corrida presidencial como "terrorista", em razão de sua militância no período em organizações clandestinas de esquerda.
"Acho que ela [Dilma] lutou pela por democracia. Tinha um grupo de jovens que foi à luta por um direito sagrado. Não acho que seja correto ficar chamando de terrorista", disse Marina.
Ainda sobre os conflitos da ditadura, a candidata do PV afirmou defender a manutenção da anistia "para todos" os envolvidos. Ressaltou, contudo, ser favorável à instalação de uma Comissão da Verdade para apuração de crimes políticos. "Temos que tirar esses cadáveres do armário."
Relação no governo
Ministra do Meio Ambiente de 2003 a 2008, Marina também minimizou eventuais conflitos com Dilma quando ambas integravam o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. "Minhas divergências com a ministra Dilma não eram diferentes das que tinha com [Reinhold] Stephanes [ex-ministro da Agricultura], com o ministro dos Transportes."
A candidata do PT foi titular das pastas de Minas e Energia e da Casa Civil, e supostas divergências entre a área ambiental e o setor "desenvolvimentista" representado por Dilma em torno da concessão de licenças para grandes obras foram apontadas como causas da saída de Marina do governo.
Marina reafirmou que deixou o governo em razão de resistências internas e externas ao plano de combate ao desmatamento impulsionado pela pasta do Meio Ambiente à época.
"Dilma e Serra têm essa coisa do 'eu, eu, eu'"
Mas a candidata também procurou se diferenciar dos adversários. Afirmou que Dilma e o candidato do PSDB, o ex-governador José Serra, são "muito parecidos", citando o "perfil gerencial e desenvolvimentista" dos oponentes, crítica recorrente em suas últimas declarações. Subiu um tom nesta segunda ao apontar personalismo excessivo nos rivais petista e tucano: "Tem essa coisa assim, do estilo eu, eu, eu."
Caso Battisti
Marina Silva disse ainda ser favorável à manutenção do status de refugiado político ao escritor e ex-ativista político italiano Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália por quatro homicídios. "O Brasil tem tradição de dar abrigo, já deu até para ditadores. Por que seria diferente em dar abrigo a ele [Battisti]?", questionou. A candidata disse que não coloca em dúvida as instituições italianas, mas afirmou que a política externa brasileira deve prezar pela manutenção de princípios.
Preso em 2007 no Rio de Janeiro, Battisti teve refúgio concedido pelo Ministério da Justiça em 2009. O entendimento foi que ele sofria perseguição política na Itália. Ainda em 2009, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela legalidade do pedido de extradição feito pelo governo italiano, mas deixou a decisão final com o presidente da República.
Voto e religião
Evangélica integrante da Assembleia de Deus, Marina defendeu ações de orientação política a fiéis por parte de líderes religiosos. "Será que a OAB [Ordem dos Advogados do Brasil], a UNE [União Nacional dos Estudantes], os jornalistas e os professores não influenciam as pessoas no voto? Por que os cristãos seriam pessoas que devem ser verdadeiras folhas em branco, que não têm opinião sobre nada? O que não pode é ter voto de cabresto [troca de favores e pressão por votos]", questionou.
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