A presidente eleita, Dilma Rousseff, disse nesta quarta-feira (3), em seu primeiro discurso no Planalto, que pretende ampliar a cobertura do Bolsa Família e aumentar o valor do benefício do principal programa de transferência de renda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dilma também afirmou que vai reajustar o valor do salário mínimo já no primeiro ano de seu governo. Hoje, o mínimo está em R$ 510.
- Salário mínimo, temos um problema agora. O PIB [Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas no país] de 2009 se aproxima do zero porque houve uma crise internacional. Num cenário de PIB crescendo, vamos ter um salário mínimo no horizonte de 2014, bem acima de R$ 700 e poucos reais. E, se não tiver nenhuma alteração [na economia] em 2011, ele já estaria acima de R$ 600. Se não em 2011, em 2012.
Sobre o Bolsa Família, ela também confirmou que o beneficio não atende 100% da população que necessita do valor. Além de dizer que, em seu governo, pretende estender o programa social para todos os que precisam dele, Dilma falou em melhorar o “nível” do benefício.
- No caso do Bolsa Família, eu tenho um objetivo: assegurar cada vez mais que a cobertura chegue a 100 %, hoje não é 100%. No meu período de governo, vou buscar um nível maior do benefício.
Sobre a formação de seu governo, a presidente eleita não quis antecipar os novos nomes que irão chefiar os ministérios a partir de 2011. Ela também negou que haja disputa entre PT e PMDB.
- Tenho conversado muito com o vice-presidente [Michel Temer]. O PMDB está participando de todo o processo sem conflitos. O meu vice é muito importante para garantir que haja esse enfoque.
Imposto para saúde
Dilma se comprometeu a não propor ao Congresso Nacional a volta da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), mas disse que os governadores deverão pressionar o governo por mais recursos para a saúde.
-Eu não pretendo enviar ao Congresso a recomposição da CPMF, [...] mas esse país vai ser objeto de negociação com os governadores. Eu vou estar atenta às necessidades deles.
A presidente eleita afirmou que o governo federal não vê necessidade premente de um novo imposto para a saúde, mas que existe uma “mobilização” dos Estados para isso.
- Eu tenho muita preocupação com a criação de imposto. Eu preferia que a gente tivesse outros mecanismos. Agora, tenho visto uma mobilização dos governadores nessa direção, não posso fingir que não vi.
MST e reforma agrária
Dilma falou sobre direitos humanos e sobre a perspectiva de atuação em relação ao MST (Movimento dos Sem-Terra). Ela disse que não vai olhar para o movimento como “caso de polícia”, apesar de ser contra a ilegalidade e a invasão de fazendas e prédios públicos.
- Não darei margem a uma Eldorado do Carajás [episódio em que trabalhadores do Pará foram executados].
A presidente eleita mencionou suas propostas para melhoria da vida dos sem-terra e dos assentados, mencionando a expansão do Programa Luz para Todos, projetos de aquisição de alimentos e melhoria da qualidade de educação.
Sobre a proposta de construir o trem-bala ligando Rio de Janeiro a São Paulo, Dilma criticou quem avalia negativamente a obra.
- É absurdo achar que o trem-bala não precisa ser feito.
A petista disse que o transporte será feito pela iniciativa privada e que o financiamento não vai concorrer com outras obras públicas.
Liberdade de imprensa
Dilma aproveitou o momento para falar sobre a preocupação “épica” que tem com a liberdade de imprensa. Ela lembrou que é de uma época em que a liberdade era uma “coisa subversiva” e que todas as coisas que achamos absolutamente naturais, eram proibidas. Dilma combateu a ditadura militar em sua juventude.
- Eu sou de uma geração que sofreu restrição do caminho. O caminho era encurtado. A gente tinha o horizonte pequeno, a ditadura faz isso com a gente. Lutamos com a cabeça que a gente tinha e com as condições que a gente tinha. Se erramos, a história dirá.
A presidente eleita afirmou que a sua geração tem o mérito de ter atuado pela redemocratização, que, agora, permitiu que uma mulher fosse eleita presidente.
- É mérito da minha geração e mais ainda do processo democrático.
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