O Corpo de Bombeiros registrou mais de 16 mil casos de atropelamento no estado de São Paulo neste ano - uma média de 57,2 acidentes desse tipo por dia. Entre as vítimas mais recentes estão três meninas atropeladas por um caminhão desgovernado na Zona Norte de São Paulo e um homem de 79 anos atingido por um ônibus no Centro da capital paulista, acidentes ocorridos nesta quinta-feira (14).
De acordo com dados dos bombeiros, foram 7,3 mil ocorrências neste ano na capital paulista, 2,5 mil na Grande São Paulo e 6,4 mil em municípios do interior até o dia 13 de outubro. Em todo o ano passado, a corporação registrou cerca de 22 mil casos de atropelamento (10 mil na capital paulista, 3,2 mil na Grande São Paulo e 8,6 mil no interior). A média de atendimentos em 2009 foi de 60,3 casos ao dia. Entre as vítimas socorridas pelos bombeiros no ano passado, 466 morreram.
A análise dos dados permitiu aos bombeiros traçar um perfil das vítimas desse tipo de acidente. O tenente Marcos Palumbo, chefe do setor de comunicação institucional da corporação, diz que jovens entre 20 e 27 são os mais atingidos. “Os jovens não têm muita paciência para esperar o sinal abrir, então se arriscam mais”, afirma o tenente. Os motoristas também têm uma grande parcela de culpa nos casos. “Há motoristas que excedem o limite de velocidade e que não respeitam a faixa de pedestre. Tem até casos de pessoas que mandam torpedo pelo celular [na direção]”, diz Palumbo.
Uma pesquisa da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), baseada nos acidentes com mortes registrados nos últimos anos na capital paulista, mostra que 78% dos pedestres atingidos cruzavam a via fora da faixa de pedestres, 10% atravessavam na faixa, 7% estavam na calçada e 5% andavam pela pista. Dados da CET mostram mais mortes de pedestres na capital paulista: em 2008, foram 670 e, em 2009, 671.
Nos casos com mortes registrados nesta quinta-feira (14) na capital paulista, as vítimas estavam na calçada. Um ônibus atingiu um homem de 79 anos no acesso ao Terminal Parque Dom Pedro, no Centro de São Paulo. Ele chegou a ser socorrido no Hospital das Clínicas, mas morreu. No mesmo dia, três meninas foram atropeladas por um caminhão desgovernado em uma avenida da Brasilândia, na Zona Norte de São Paulo. Milena Macedo Vicente, de 11 anos, morreu e outra criança, de 12 anos, teve ferimentos graves.
Educação no trânsito
Atenção ao cruzar as vias e educação no trânsito podem reduzir esses números. O tenente Marcos Palumbo diz que o pedestre deve usar o conselho passado de pais para filhos ao atravessar a rua: parar e olhar para os dois lados, mesmo se estiver atravessando na faixa. Já do lado dos motoristas, é preciso dar sempre a preferência aos pedestres na faixa reservada a eles. Palumbo cita o exemplo de Campos do Jordão, a 181 km da capital paulista. Sem semáforos nas vias, os motoristas estão acostumados a parar para os pedestres. Em julho, com muitos turistas na cidade, foram registrados casos graves de atropelamentos.
A CET diz que a principal ferramenta para mudar esse cenário é a conscientização. A companhia afirma que a melhoria envolve “construção de corredores de ônibus, projetos de sinalização horizontal, mais investimentos em radares, aumento do número de agentes de trânsito e ações educativas”. No início deste ano, foi lançado o projeto “Travessia Segura”, que colocou 120 orientadores nos cruzamentos mais perigosos da cidade.
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