Havia o temor de que potências ou empresas estrangeiras já tivessem mapeado clandestinamente o subsolo da região e que estivessem de olho em uma riqueza ainda desconhecida dos brasileiros. A tese, provavelmente infundada, incentivou ainda mais a busca por petróleo na região.
O Brasil só descobriu o petróleo na Amazônia porque houve persistência. Sempre se imaginou que em uma área imensa como essa tinha que haver petróleo. O primeiro poço perfurado na Amazônia foi em 1917 e, durante décadas, o resultado comercial foi zero. A sorte só começou a mudar em 1978, quando foi encontrada uma área rica em gás às margens do Rio Juruá. Geólogos pioneiros da Petrobrás, como Giuseppe Bacoccoli, que passaram anos na selva atrás de petróleo em condições muito difíceis, comemoraram.
"Sempre brinco que a Amazônia é uma bacia que está engasgada aqui na garganta, porque sempre acreditamos no potencial da Amazônia, mas levamos muitos anos, anos demais para conseguir vencer, conseguir entender a região, conseguir entender os mistérios da selva, como operar naquelas áreas, como trabalhar naquelas regiões e tudo o mais", conta o geólogo.
Mas a descoberta de gás, e não de petróleo, lembra o geólogo, foi um balde de água fria. À época não havia mercado para gás natural. O achado, no entanto, intensificou a pesquisa na região e perto dali, oito anos depois, foi encontrado o primeiro campo em Urucu. Com muito gás, mas também com petróleo e foi esse óleo de alta qualidade que tornou viável a exploração comercial. Em dois anos, o campo de Urucu estava produzindo.
Mas faz sentido explorar gás e petróleo na Amazônia? Uma região de mata, rios e lagoas, extremamente sensível? Um eventual vazamento, uma explosão, um grande incêndio podem ter consequências graves para o ambiente. Um laboratório, no Rio de Janeiro, foi criado para enfrentar uma situação de emergência. Ele faz parte do Projeto Piatam, que monitora as atividades de produção e transporte de petróleo e gás natural de Urucu. Tudo é feito à distância, por computador.
Os pesquisadores estudaram o comportamento dos rios e criaram programas que vão orientar as decisões no caso de um vazamento de óleo. Os cientistas conhecem em detalhes o comportamento das correntes, das cheias e dos períodos de águas baixas. Os pesquisadores são claros: a sociedade tem que avaliar continuamente se o benefício, o petróleo de Urucu, vale o risco. Tudo é feito para evitar um acidente, mas ele pode acontecer. "Qualquer atividade que envolve petróleo tem risco. A sociedade tem que conviver com isso", afirma o professor e Coordenador do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia, Luiz Landau.
Globo Amazônia.
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