O ex-delegado da Polícia Federal Onézimo Sousa afirmou nesta quinta-feira (17), em entrevista após um depoimento em uma comissão do Congresso Nacional, que o jornalista Luiz Lanzetta, que trabalhava na campanha de Dilma Rousseff (PT), foi quem propôs espionar o candidato do PSDB, José Serra. Lanzetta deixou a campanha do PT depois que o caso veio à tona.
O advogado Antonio dos Santos Júnior, que diz defender o jornalista, afirmou que o depoimento foi “confuso” e “genérico” e que Lanzetta processará Onézimo.
Na entrevista, o ex-delegado afirmou que Lanzetta fez a proposta para que ele investigasse “tudo” sobre o candidato tucano. Também seriam alvo da investigação, segundo ele, o deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) e integrantes do próprio comitê de Dilma, como o deputado estadual Rui Falcão (SP).
“Quem falou foi o que se apresentou como líder do comitê, o que naquela reunião se apresentava como líder. Foi o Lanzetta”, afirmou Onézimo.
Ele disse ainda que ficou subentendido que a proposta incluía quebra de informações sigilosas. “Quando se pede a uma pessoa ‘eu quero saber tudo’, ora, eu não tenho o dom da espiritualidade. Só se obtém isso através do meio que se sabe perfeitamente qual é. Seriam levantamentos de dados protegidos sob sigilo sobre determinadas pessoas. Não aceitei fazer porque não é compatível com princípios legais”.
Onézimo afirma que a negociação sobre a primeira parte do serviço, que incluía investigação sobre supostos vazamentos de informações da campanha de Dilma e proteção da casa onde funcionava o comitê, foi feita antes da proposta de espionagem. Seria esta primeira parte do serviço que teria o valor mensal de R$ 160 mil, em dez parcelas, como pagamento. O ex-delegado afirmou que a reunião teria acontecido entre abril e maio. Ele não explicou porque o contrato seria de dez meses já que a campanha acaba em outubro.
De acordo com o ex-delegado, o empresário Benedito de Oliveira Neto, chamado de Bené, seria o responsável pelo pagamento de seus serviços. Também estavam presentes à reunião o jornalista Amaury Ribeiro Júnior, que teria dito ter dois “tiros” contra Serra, e o ex-sargento da Aeronáutica Idalberto Martins de Araújo, que teria convidado Onézimo para o encontro. O ex-delegado disse não ter tido mais contato com nenhum deles após a reunião.
O advogado Antonio dos Santos Júnior acompanhou o depoimento de Onézimo no Congresso. Ele, que diz defender Lanzetta, criticou o depoimento do ex-delegado. “O depoimento foi confuso e genérico. Ele falou muitas inverdades e será acionado judicialmente pelas inverdades que está dizendo”.
Onézimo não confirmou se gravou a reunião em que teria sido feita a proposta de espionagem. Ele afirmou apenas que, “se tivesse a gravação”, o momento certo de usar seria em processos que poderá responder na Justiça sobre o caso.
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