Uma funcionária da Prefeitura de Belo Horizonte e um policial militar foram presos em flagrante, nesta terça-feira (10), extorquindo dinheiro de um empresário da capital. O dono da boate armou o flagrante com a orientação da polícia.
Nas imagens gravadas pelo empresário, a funcionária da prefeitura chega no horário combinado para receber o pagamento. Ela está acompanhada de um policial militar à paisana. Os dois entram no escritório da boate. A mulher se identifica, recebe um cheque de R$ 30 mil e passa um recibo como se tivesse prestado consultoria técnica ao empresário.
A vítima da extorsão explicou como funcionava o esquema da propina, que era cobrada pelos dois suspeitos para que uma multa não fosse aplicada à boate. “Ela fala em auto de interdição, me deu uma multa de quase R$ 3 mil alegando que eu precisava de um laudo, sendo que a própria prefeitura fala que eu não preciso desse laudo. E ela alega que o valor exigido seria para sumir com essa multa, fazer esse laudo e conseguir um alvará provisório, ou seja, ela nem me prometeu ainda um definitivo. Esse valor seria para uma solução paliativa, seria mais uma brecha para ela continuar pedindo. Nenhuma solução que eles apresentam são definitivas. Eles fazem tudo pra ficar no seu pé o maior tempo possível”, disse o empresário.
O proprietário da boate disse que a mesma mulher já havia pedido dinheiro outras vezes para que o local não fosse interditado. Ainda segundo ele, só foi possível obter provas desses pagamentos porque a fiscal não percebeu que as reuniões feitas na empresa dele eram gravadas por câmeras de segurança.
O empresário entregou as imagens à polícia. Ele afirmou que, em um dos encontros com a funcionária da prefeitura, pagou R$ 13 mil. Em outra ocasião, o acerto teria sido feito na própria prefeitura.
“O meu receio, num primeiro momento, era que eu não iria conseguir documentos e desistir da minha vida de empresário e comerciante em BH. Pela prefeitura, aliás, eu ainda temo as represálias porque vai sair essa quadrilha aí, mas nunca se sabe se virão outros exigindo até mais do que eles exigiam. Eu resolvi realmente dar um basta e denunciar”, afirmou o dono da boate.
O empresário disse à polícia que a funcionária pública agia com pelo menos nove pessoas, que se apresentavam como fiscais do meio ambiente. Ao todo, o grupo teria pedido R$ 80 mil para não fechar a boate.
Em um momento do vídeo, a mulher garante que vai conseguir o alvará da boate. “Sexta-feira já tem o número do novo processo onde vai constar as questões todas. Todas as documentações que já vou entrar. E, no mais tardar, fazendo o trabalho para quarta-feira você já estar com o alvará. Final de semana vai poder trabalhar, tá bom?”, disse a mulher.
Antes de ser encaminhado à delegacia, o militar disse aos policiais que apenas acompanhava a mulher e que desconhecia qualquer irregularidade.
De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte, a funcionária trabalha como assessora de políticas sociais da Administração Regional Centro-Sul desde o dia 25 de abril, mas, como não é funcionária concursada, não poderia atuar como fiscal. A prefeitura informou que ela deve ser exonerada e que vai investigar os outros supostos fiscais citados pelo empresário.
Ainda segundo a prefeitura, a boate não tinha alvará de funcionamento e o proprietário não teria cumprido os prazos para regularizar a situação. O estabelecimento foi interditado na última sexta-feira (6). O policial militar e a servidora pública foram levados para a delegacia para serem ouvidos.
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